Tal como previra, num comentário ao post de 6/Set., o Sol não desiludiu e apresentou-se como uma revista Maria para Maneis. O jornal é muito fraco e não acredito que venha a fazer frente ao Expresso. Entre as minhas partes preferidas, vem o texto na orelha (1.ª pag, ao cimo, à direita) a dizer que não precisam de dar brindes nem ofertas, porque acreditam que o jornal vale por si. É bom que acreditem, porque se pensassem racionalmente apanhavam um susto. O Sol parece um cruzamento entre a Flash, a irreverência liceal dos jornais de escola, os jornais one-minute Metro e Destak, o estilo de ligação público-entrevistado Fátima Campos Ferreira e a última reformulação do Blitz. Só uns exemplos:
- A entrevista com a Maria Filomena Mónica na pag. 3, sobre a actividade sexual de Mário Soares (juro que é verdade) e o corpo de José Sócrates, que ela acredita que deve estar bem tratado;
- A secção onde José António Saraiva irá explicar ao longo de umas semanas como José António Saraiva sentiu a iluminação que o fez criar o Sol, escolhendo para director José António Saraiva;
- O artigo de seis páginas que explica quem são os accionistas do Sol (do género, “epá, tu pagas isto que eu meto lá um artigo a dizer como tu és o máximo, pode ser que ainda sejas convidado para umas festas vip”);
- A reportagem da Felícia Cabrita, que ocupa metade da revista a explicar que houve um branco trocado por um preto na maternidade e que agora são muito amigos;
- Os destaques dados aos artigos de opinião da Margarida Rebelo Pinto e do José Júdice;
- A página 3, exactamente igual à do Expresso, contando mesmo com a coluna de opinião de JAS;
- Deixando o melhor para último, as hilariantes duas páginas de opinião de Marcelo Rebelo de Sousa (sim, é verdade, ele tem duas, repito, duas páginas inteiras de opinião, recortadas em pequenos artigos, tal e qual como os comentários que fazia na televisão, passando do “agradeço ao presidente da Associação Os Bigodes a oferta do Leitão à Cacia de que gosto muito” até à análise da posição do papa sobre os muçulmanos, dizendo mais umas banalidades que acabei de ouvir ainda há bocado, quando estive a beber café)