23 junho, 2006
Harriet (1830 - 2006)
05 junho, 2006
Sexta-Feira, 02 de Junho, da era Floydiana
Suportado por uma banda competentíssima, um coro de vozes femininas de topo - The Great Gig in The Sky roçou a perfeição, um surround sound system verdadeiramenete impressionante e uma carga visual e pirotécnica com conta peso e medida, Roger Waters apresentou na passada 6ª feira, de forma soberba, o concerto que os fãs dos Pink Floyd queriam ver e ouvir. Tecnicamente perfeito.
Waters foi (depois da saída de Barret) a verdadeira alma e o génio criativo de uma das maiores bandas de sempre. O único elemento verdadeiramente insubstituível. Se dúvidas existiam, pelo menos para quem esteve no parque da Bela Vista deixaram de existir.
As 10 torres de som espalhadas pelo recinto faziam girar à nossa volta helicópteros, relógios, máquinas registadoras… No palco sucediam-se fotografias de Syd Barret e imagens de álbuns emblemáticos como Wish You Were Here, The Wall, The Final Cut ou Animals, com Sheep a encerrar a 1ª parte.
Uma envolvência audiovisual que nos transportava para onde quiséssemos ir. Arrepios, muitos arrepios, embora a noite estivesse quente.
A primeira parte do concerto, com cerca de 90 minutos, voa a sabor de momentos simplesmente brilhantes: Have a Cigar (Wish You Were Here), Southampton Doc ou The Fletcher Memorial Home (The Final Cut) são apenas alguns dos muito exemplos.
A segunda parte é inteiramente dedicada à reprodução integral de um dos maiores álbuns da história da música – The Dark Side of the Moon. A projecção do círculo Floydiano, o jogo de luzes psicadélicas e só os coelhos fogem (Run, Rabbit Run…em Breathe), de resto ninguém arreda pé. É difícil colocar em palavras.
No “encore”, grita-se a plenos pulmões Bring the Boys Back Home. Por fim, Confortably Numb deixa-me assim mesmo, confortavelmente dormente, ainda do lado de lá.
Um pouco de educação, please
O estatuto dos professores está a ser seriamente ameaçado e, nem por acaso, vem logo uma reportagem da RTP explorar um caso em que os professores sofrem dos alunos, colocando-os, assim de repente, num papel de vítima depois de estarem a ser julgados na praça pública como incompetentes, o que até nem é uma afirmação muito arriscada.
O vídeo da RTP mostrava exemplos de como as professoras eram insultadas, desrespeitadas, agredidas e ofendidas. Houve algumas que tiraram baixa médica e entraram em consultas de rotina no psicólogo. Outras, garantiram que só conseguiam continuar a dar aulas por amor à profissão, fazendo delas um cavaleiro aventureiro. Acredito que tudo isto seja verdade, mas é preciso não esquecer alguns pontos e evitar o histerismo total de parte a parte, comportamento bastante comum na discussão deste assunto.
O vídeo que foi mostrado não reflecte a realidade do país. Há muitas situações difíceis em Lisboa e no Porto, mas fora destes centros urbanos são uma excepção, normalmente controlada. O facto de não ter sido identificada a escola em questão e de, apenas no fim ter sido dito, por legendas, que aquela era uma situação particular e não reflectia a realidade dos outros estabelecimentos de ensino serve para provar o contrário, com o seguinte esquema: atenção, isto é tão grave que até nos sentimos na obrigação de esclarecer que se trata de uma excepção, e não da regra. Obrigado, mas já sabíamos.
Outra coisa é a revisão do estatuto de professor, neste momento em cima da mesa da ministra que tutela a àrea. Em termos gerais, pretende-se responsabilizar os professores pela qualidade da profissão que exercem. Para isso, socorre-se da progressão escalonada (através de exames científicos, por exemplo) e da monitorização do seu trabalho por parte dos principais visados, os pais. Os professores estão com medo e com razão. Quem já trabalhou numa escola, sabe que a incompetência reina. Para se ensinar é necessário, em primeiro lugar, ter algo para ensinar. Uma dessas coisas é maturidade e essa é escassa nas escolas. Os professores não são hoje exemplo para ninguém.
Depois de dizerem que ninguém tem competência pedagógica para avaliar o seu trabalho, vêem dizer que pôr em causa o seu conhecimento científico para a matéria que leccionam é também pôr em causa o ensino das universidades. Têm razão. Nas universidades, o ensino também é uma merda, pelas mesmas razões que no preparatório e secundário.