16 novembro, 2005

Nada como estudar por aqui...

O DN noticia hoje que vai existir uma avaliação excepcional no sistema educativo que pode passar repetentes.
A medida permite que os alunos em situação de reprovamento possam transitar de ano, de acordo com o parecer favorável de uma "avaliação extraordinária" feita pelos conselhos pedagócios das escolas. Ironicamente, esta medida serve, nas palavras de quem a assinou, para combater o insucesso e o abandono escolar no ensino básico.
Apesar de não ter muita idade, noto bastante bem a diferença entre o nível de educação actual e o que existia na altura em que estudava. Hoje é muito mais fácil obter boas notas e chegar ao fim de uma licenciatura, sem que se tenha apredendido até ao fim desse percurso nada de relevante, excepto nos casos em que o aluno se interessa por si.
Já no meu tempo (sem saudosismos) era assim. No entanto, existia uma triagem natural que seleccionava entre os casos que valia a pena levar por adiante e aqueles que deviam ficar por onde estavam. Tenho muitos amigos que não passaram do nono ano e nem por isso são inferiores a quem continuou. Hoje em dia, como há uma obsessão pelo direito aos direitos, as medidas de fixação dos alunos no sistema educativo parecem naturais. Porque é que não se deve forçar ao limite a permanência dos alunos na escola? Há o direito à educação que deve ser garantido pelo Estado. Mas esta é uma medida criada irresponsávelmente e de propósito para subir as estatísticas do sucesso escolar.
Primeira consequência: a taxa de concretização da escolaridade obrigatória vai aumentar. Mas se qualquer dia se fizer um estudo como aquele que, em Itália, concluiu que mais de metade da população era analfabeta ou a caminho, o choque vai ser grande. Talvez nem seja preciso. Basta sair à rua, olhar à volta, e perguntar a qualquer educando que circule no passeio se tem alguma ideia concreta sobre alguma coisa. E esperar a resposta.

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